quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Carta de Porto Alegre

(Documento em PDF)


A universidade como entidade pretensamente neutra e universal já não consegue esconder suas contradições. Os conflitos sociais já não podem ser ocultados, o povo reivindica o que é seu em plena luz do dia. Entra em cena clamando por transformações profundas e já não se contenta com migalhas. Quer que as instituições – tantas vezes reprodutoras das desigualdades que o oprimem – sejam parte do grande bloco que batalha uma história protagonizada novamente pelos “de baixo”.
Em lugar da Universidade velha e arcaica, quer a Universidade do povo. Derruba a Universidade privatizada, constrói a Universidade do povo. Morre a Universidade elitizada, nasce a Universidade do povo. Não quer o “popular” como sinônimo de precariedade, mas excelência para todos. Sai a Universidade precarizada, entra a Universidade do povo. Instituição que no nome retoma o sentido do universal ao caracterizar o sujeito que a protagonizará: essa é a Universidade Popular.
Se os movimentos emancipadores encontram-se na defensiva, não implica que não haja resistências amplas e também localizadas. Mas as classes dominantes tremem ante a possibilidade de seu domínio global ser contraposto por um projeto igualmente global. É parte da sua estratégia impedir-nos de constituir a nossa. E justamente na unidade dos diferentes agentes, táticas de atuação nos vários âmbitos, e um objetivo estratégico comum é que reside a possibilidade de derrotar o atual modelo de Universidade.
Não é um caminho rápido nem fácil. Mas a sua complexidade não deve implicar qualquer desânimo ou imobilismo. É preciso avançar coletivamente, enfrentando os dilemas e escolhendo os caminhos a cada encruzilhada encontrada. Fundamentalmente, é manter o espírito coletivo em torno de políticas concretas, colocando toda a energia transformadora em movimento.
Com esse espírito, estivemos reunidos nos campi da Universidade Federal do Rio Grande do Sul nos dias 2, 3 e 4 de setembro de 2011, e agora compartilhamos os principais acúmulos de discussão do I Seminário Nacional de Universidade Popular (SENUP). São propostas de políticas que emergiram consensualmente dos diferentes Grupos de Discussão temáticos. Elas não expressam necessariamente a opinião homogênea de todos os participantes do SENUP, mas sugerem alguns dos caminhos possíveis para a construção da Universidade Popular. Venceremos!


Porto Alegre, 4 de setembro de 2011.


Deliberações DO I SENUP1

A Universidade hoje e a Universidade Popular

Lutar por uma Universidade Popular significa compreender a necessidade de ligar as tarefas imediatas de nosso movimento com a construção de um projeto de universidade alternativo ao projeto do capital.
Temos, nos últimos tempos, um direcionamento “lento e gradual” das instituições educacionais às necessidades de acumulação do capital, com uma aceleração na década de 90 e em especial no século XXI. Este direcionamento se manifesta: na reestruturação político-pedagógica da maioria dos currículos dos cursos de graduação, subordinando as iniciativas da universidade às necessidades do mercado, em detrimento das demandas da população; na entrega da estrutura física e de recursos humanos públicos para a produção de ciência e tecnologia de acordo com as necessidades da iniciativa privada, o que compromete a autonomia didático-científica das universidades; uso do dinheiro público para salvar empreendimentos universitário privados; na diminuição dos recursos públicos relativos a quantidade de vagas abertas nas universidades públicas, que aumenta a precarização e intensificação do trabalho, diminui a qualidade de ensino, inviabiliza a manutenção do tripé ensino-pesquisa-extensão voltado aos interesses populares e incentiva as instituições a buscar outras fontes de financiamento paralelas ao Estado; nos parcos mecanismos democráticos que permitam à comunidade universitária interferir nos rumos tomados pelas instituições; etc.
A formalização deste conjunto de medidas tem aparecido em decretos, medidas provisórias, leis recentes que, por seu caráter fragmentado, ofuscam a gravidade do processo pelo qual um direito se converte em mercadoria, e uma autarquia, em tese pública e autônoma, em uma prestadora de tais serviços. Exemplos desses projetos são o decreto das Fundações, o SINAES, a Lei de Inovação Tecnológica, a Universidade Aberta do Brasil, o PROUNI, o REUNI, o chamado “Pacote da Autonomia”, e mais recentemente projetos como a lei 7.423, o PL 1749/11 (antigo MP 520) e a lei 12425 (antiga MP 525) que tratam, respectivamente, da relação das universidades com as Fundações “ditas” de Apoio, da gestão dos Hospitais Universitários (HU´s) e da possibilidade de ampliação dos contratos temporários nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES).
Este processo nos leva a concluir que o projeto hegemônico para a universidade brasileira é global e dinâmico, e que nossa tarefa de questioná-lo e contrapô-lo exige que trabalhemos não somente a partir de ações pontuais e reativas a seus avanços, mas principalmente a partir da formulação de um projeto alternativo igualmente global. O desenvolvimento desse projeto, a que chamamos popular, e sua construção cotidiana na universidade e fora dela são os eixos de nossa luta. É necessário, por isso, situar em que patamar se encontra a construção desse projeto popular para a universidade.
A educação não é determinada somente pelas instituições formais (escolas, universidades, escolas técnicas etc). Estas são uma parte importante na totalidade dos processos educacionais, mas somente uma parte. Temos, assim, a seguinte equação:
1) temos os processos educacionais como um todo. Falamos de um sistema de internalização de valores, hábitos, princípios morais e éticos da sociedade vigente, especialmente de sua classe dominante. Isto significa que estamos falando de indivíduos sociais que, mesmo não tendo qualquer nível de escolaridade, também são educados pela sociedade e levados a assumir seu ponto de vista de forma “natural”. O egoísmo, o individualismo, que se afirmam na tendência a resolver problemas sociais de forma privada, a desumanização, indiferença em relação à barbárie social e o sofrimento humano são apenas exemplos de como a sociedade nos educa a aceitar um modo de vida social tão absurdo, e isto independe da escolaridade;
2) e temos as instituições educacionais. Aí, os indivíduos sociais já são induzidos a uma aceitação ativa das normas sociais pré-estabelecidas. Tanto mais ativa será esta aceitação, quanto mais elevado o nível de complexidade de que estamos falando. Na universidade, chegamos ao entendimento da gênese abstrata de conceitos e teorias que asseguram a legitimação e a reprodução da ordem vigente.
A mediação entre os dois pontos acima já nos leva a um elemento necessário para nossa luta: ela se insere dentro da luta social em geral, o que faz com que a universidade não possa ser transformada de forma permanente por si só, assim como ela, por si só, não pode empreender uma alternativa emancipadora radical. No entanto, isso tampouco nos leva a dizer que a universidade é um “caso perdido”, pois, sendo ela uma manifestação de toda a estrutura social e de seu processo educativo, isso significaria abdicar da possibilidade de qualquer transformação social, dentro ou fora da universidade. Pelo contrário, devemos reconhecer essa instituição como um “caso em disputa”, como parte do processo mais amplo de disputa ideológica e material da sociedade. Se as universidades exercem um papel crucial para a reprodução da ordem vigente, também exercem para a resistência e para proposição alternativa, a partir de uma disputa “de dentro para fora” e “de fora para dentro”.
Acreditamos que na realidade brasileira, é fundamental a resignificação da palavra povo. Em um país onde a revolução burguesa ocorreu de cima para baixo, divorciada de uma revolução nacional e democrática, combinando autocracia e dependência com uma modernização conservadora e uma democracia restrita e para as elites, as alternativas populares se divorciaram completamente do bloco de poder dominante, que se tornaram antagônicos entre si. É nesse bojo que se encontram algumas lutas fundamentais de nosso povo, como pela reforma agrária, reforma urbana, pela estatização de empresas estratégicas, etc. A luta pela Universidade Popular, então, se liga a um conjunto de tarefas imediatas da luta “dentro da ordem”, de abertura de espaço democrático e conquista de hegemonia popular e que, ganhando vitalidade enquanto movimento, deverá caminhar para uma luta “contra a ordem”. Dessa forma, o debate em torno de uma Universidade Popular se revela muito mais do que uma oposição às “reformas” universitárias atuais, visto que se insere na reflexão ativa sobre outro projeto de sociedade, a ser protagonizado por todos setores explorados e oprimidos pela sociabilidade vigente.

Como princípios, defendemos:

- Articular a luta por uma Universidade Popular com a luta pela Educação Popular em geral, propondo a horizontalidade no saber, uma formação plena (contra a fragmentação do conhecimento), e pela produção de conhecimento para a classes trabalhadoras e pela transformação social;

- A universidade popular deve constituir-se pelo o povo e para o povo, objetivando a transformação social para a emancipação humana.

Táticas:

- Constituição de um Grupo de Trabalho Nacional sobre Universidade Popular no intuito de dar continuidade a esta construção. Ele será composto inicialmente pelos mesmos convocantes do 1° SENUP, buscando agregar mais organizações e manterá o método consensual de trabalho e organização;

- Constituir e fortalecer na base do movimento grupos de trabalho pela universidade popular;

- Construção de agenda mínima nacional para articulação da luta pela Universidade Popular;

- Construção de um 2° Seminário Nacional de Universidade Popular.


Ciência e Tecnologia

A universidade vem se transformando profundamente com sua associação ao setor produtivo. Esse é um processo que se inicia na fase de industrialização brasileira, se desenvolve com o advento do capitalismo monopolista no Brasil, fase na qual também se consolida. Antes, a academia era uma instituição pequena e auto-referenciada, voltada à formação de profissionais liberais e de quadros para a burocracia estatal. A produção, por sua vez, era desenvolvida pelo senso prático de alguns indivíduos, pela intuição e pelo empirismo. A organização do saber tecno-científico e sua associação à produção gerou um processo inesgotável de renovação e transformação da base material da sociedade, no que se convencionou chamar de sociedade industrial. A universidade cumpriu um papel decisivo nesse processo, e, para isso, colocou-se a serviço da inovação tecnológica. Nas faculdades e universidades nas sociedades pré-capitalistas, o conhecimento era restrito pelo baixo nível de desenvolvimento das forças produtivas. Após a industrialização, o conhecimento passou a ser restrito por direitos de propriedade intelectual e tornou-se altamente cobiçado por ser instrumental e necessário no processo reprodutivo do capital e de expansão do mercado.
Com o desenvolvimento capitalista, o conhecimento se tornou muito dinâmico. Os países centrais colocaram a produção de conhecimento (e, assim, as universidades) como pilares de seu projeto de desenvolvimento, criando e aprofundando uma estratificação internacional de conhecimento. Nesse novo cenário, as elites passaram a respaldar sua condição de elite não só na riqueza ou no Estado, mas também em uma pretensa superioridade intelectual. A universidade, controlada por esse segmento social, passou a ser o núcleo de certificação do conhecimento válido, o que serviu para deslegitimar saberes populares, indígenas, orais, religiosos e comunitários. Ao mesmo tempo em que consolidava o cânone científico como hegemônico, a universidade pôs a ciência e a tecnologia como mecanismos de acumulação privada de riqueza e reprodução da ordem existente. Ela não só se voltou à criação de novos direitos de propriedade intelectual, mas também forjou um ambiente ideológico que legitima essa como sua função única e ideal.
Dessa forma, a produção de conhecimento revela a universidade como uma instituição social e ideologicamente conservadora. Por trás das inovações, dos títulos e das patentes, revela-se o profundo comprometimento com o mundo atual e a silenciosa renúncia em transformá-lo.
Por isso, a questão diz respeito à orientação programática para a ciência. A difusão de uma ideologia tecnocrática criou a ilusão de que a solução dos problemas da humanidade viria exclusivamente por meio do avanço da ciência e da tecnologia produtiva. Esta ilusão surge da orientação ideológica que atua no sentido de desviar o foco de intervenção humana do plano da estrutura social de classes. O ofuscamento, ou completa exclusão da dimensão social, leva a uma orientação da problemática social ao âmbito da “gestão” e da “responsabilidade individual”, inclusive a administração ganha um caráter “científico” e, por assim dizer, “neutro” e “autojustificado”. Na verdade, a própria expansão produtiva por meio da ciência é inseparável da conformidade ideológica com certos parâmetros de “avanço social” impostos justamente por quem se beneficia deles. Por isso mesmo, no campo da luta pela universidade popular, nos interessa a ligação entre o conhecimento produzido e transmitido nas instituições de ensino superior com os interesses e as necessidades das massas populares e dos trabalhadores. Assim, um dos papéis fundamentais da luta pela universidade popular é revitalizar o papel intelectual crítico e criador dentro da universidade atual, rompendo com os parâmetros da educação que tem o mercado como condição e o lucro como fim.

Defendemos:

- Lutar contra a privatização do ensino e a reprodução da ciência e tecnologia voltada aos interesses do capital;

- Atender as demandas populares através da Ciência e Tecnologia;

- Lutar pelo financiamento público no desenvolvimento da ciência e tecnologia, contrapondo ao financiamento privado que condiciona os fins da pesquisa à mera demanda do mercado;

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Informações gerais para os participantes


1º Seminário Nacional de Universidade Popular
Informações gerais para os participantes:

Alojamento: Colégio de Aplicação da UFRGS (Av. Bento Gonçalves, 9500 - Bairro Agronomia - Campus do Vale - UFRGS)

Foram disponibilizadas 8 salas de aula com capacidade para 25 pessoas cada, além da quadra de esportes (coberta) para a colocação de barracas. Dessa forma, sugerimos à todos que possuem barracas que as tragam, pois não haverá lugar para todos nas salas de aula. Fizemos a instalação de chuveiros quentes e contratamos seguranças para o local.
Transporte:
A parada de ônibus do Colégio de Aplicação fica na entrada do Campus do Vale. Para o deslocamento ao Centro de Porto Alegre é possível pegar os seguintes ônibus: D43 – Universitária / 343 – Campus-Ipiranga / 375 – Agronomia.
Na manhã de sábado haverá ônibus disponibilizados pela UFRGS para transportar os participantes do SENUP ao Campus Centro, que trarão os participantes de volta ao alojamento no final do dia. Os horários desses ônibus serão compatíveis com a programação do Seminário, restando a alternativa dos ônibus de linha para quem precisar ou quiser se deslocar em horários alternativos.
Na sexta-feira não haverá transporte próprio da UFRGS para levar os participantes do Colégio de Aplicação até o Campus Centro. O alojamento também não estará disponível antes do final das atividades da noite. Sendo assim, solicitamos que as delegações se desloquem com seus ônibus diretamente ao Campus Centro da UFRGS, participem das atividades e depois se desloquem ao Colégio de Aplicação no Campus do Vale. Os ônibus poderão ficar estacionados até o final das atividades no Largo Zumbi dos Palmares, que fica próximo à UFRGS (mapa em anexo).
Pedimos a todos os coordenadores de delegações (por menores que sejam) que entrem em contato imediatamente com a organização do SENUP, informando o número de membros da delegação, horário previsto de chegada e outras informações relevantes. Igualmente sugere-se que seja feita uma ligação para um dos contatos de Porto Alegre ao se chegar na cidade para que recebam as instruções de como chegar à UFRGS.
Alimentação:
Na sexta-feira à noite os participantes poderão realizar suas refeições no Restaurante Universitário da UFRGS, ao custo de R$2,60, ou terão a sua disposição sanduíches fornecidos pela organização do SENUP. O café da manhã de sábado e domingo serão realizados no próprio alojamento. Para o almoço e janta de sábado foi contratada a Cooperativa 20 de novembro (MNLM), que servirá a alimentação no RU do Centro. O almoço de domingo será servido pela mesma cooperativa no Colégio de Aplicação, local das atividades do domingo e também do alojamento.
Os participantes que efetuaram o pagamento da inscrição não arcarão com custos de alimentação, exceto para aqueles que optarem na sexta á noite por jantar no RU, pois a cobrança é feita pela própria UFRGS. Para os residentes em Porto Alegre há a possibilidade do pagamento equivalente às refeições que serão realizadas.

AVISO IMPORTANTE:
Para diminuir o uso de objetos descartáveis, pedimos aos participantes que tragam seus próprios talheres e caneca para as refeições.
Certificados:
Haverá a emissão de certificados simples (certificação apenas pela Comissão Organizadora do SENUP, sem assinatura institucional) para todos os participantes.
Brigadas de Trabalho:
Entendemos o trabalho como princípio pedagógico. Por isso, todos os participantes do I Seminário Nacional de Universidade Popular são convidados a ser parte de uma das três Brigadas que se revezarão para cumprir as tarefas de organização e manutenção dos espaços e das atividades.
As atividades a serem cumpridas são: limpeza dos espaços – inclusive alojamento; alimentação, que implica em preparar os cafés da manhã e organizar a logística das demais refeições; e disciplina, que fica na incumbência de realizar a alvorada matinal e incentivar os participantes ao cumprimento dos horários previstos para as atividades.
Para nomear as Brigadas decidimos homenagear três lutadores sociais que entregaram a vida às causas do nosso povo e possuem estreita relação com a batalha por uma Universidade Popular: Edson Luís, Florestan Fernandes e Helenira Rezende.
Façam boa viagem e sejam sujeitos dessa construção!

Contatos em Porto Alegre:
(Prefixo 051)
*Bruna – 9229.0397 (Claro) ou 8201.8666 (Tim)
*Glauco – 9506.4059 (Vivo)
*Pedro – 9966.5750 (Vivo)
*Rodrigo – 8176.0386 (Oi)


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Manifesto: Rumo ao 1° Seminário Nacional de Universidade Popular (SENUP)!

A iniciativa de construção do 1° Seminário Nacional de Universidade Popular (SENUP), que ocorrerá nos dias, 2, 3 e 4 de Setembro na cidade de Porto Alegre – RS, é um passo importante na luta por uma Universidade que sirva ao povo brasileiro.
Compreendemos ser fundamental debater os rumos da universidade brasileira hoje. O avanço da mercantilização da educação expõe um projeto dominante no país: a ânsia pelo lucro ganha força em detrimento dos direitos fundamentais do povo brasileiro, conquistados com a luta de tantas gerações. A necessidade de privatização, decorrente da precarização destes serviços essenciais, não se dá por acaso, ou por simples “incapacidade” do Estado Brasileiro em gerenciá-los, mas por um direcionamento político muito claro, vindo de fora para dentro. O eixo estruturante da transformação da educação em mais uma mercadoria, apta a ser comprada e vendida, tem como cerne a necessidade de maximizar os lucros, decorrente da ampla crise societária que em vivemos, que ora se manifesta na economia mundial.
Esse direcionamento tem manifestações muito claras: reestruturação político-pedagógica dos currículos dos cursos de graduação, subordinando as iniciativas da universidade às necessidades do mercado, em detrimento das demandas sociais, além da fragmentação do conhecimento; entrega da estrutura física e de recursos humanos públicos para a produção de ciência e tecnologia de acordo com as necessidades da iniciativa privada, o que compromete a autonomia didático-científica das universidades; uso do dinheiro público para salvar empreendimentos universitário privados; diminuição dos recursos públicos relativos a quantidade de vagas abertas nas universidades públicas, que aumenta a precarização e intensificação do trabalho, diminui a qualidade de ensino, inviabiliza a manutenção do tripé ensino-pesquisa-extensão voltado aos interesses populares e incentiva as instituições a buscar outras fontes de financiamento paralelas ao Estado; parcos mecanismos democráticos que permitam à comunidade universitária interferir nos rumos tomados pelas instituições; etc. 
            A formalização deste conjunto de medidas tem aparecido em decretos, medidas provisórias, leis, todos aprovados paulatinamente, de modo a ofuscar o projeto estruturante.
            Mas sendo o projeto hegemônico atual – o qual não concordamos – um projeto global, compreendemos a necessidade de contrapor a seu avanço um projeto igualmente global, mas identificado com as necessidades das amplas maiorias. Temos claro que a universidade brasileira está em disputa, e essa disputa passa pela elaboração de uma estratégia. Não podemos mais ficar somente na defensiva. Embora toda resistência seja fundamental, ela permanece sempre presa àquilo que é negado. É fundamental reestabelecer uma ofensiva no movimento universitário e popular. Identificamos debilidades na ausência de formulação estratégica por parte de nosso campo de forças, o que faz com que muitas vezes sejamos absorvidos por disputas pequenas e que nem sempre acumulam para um horizonte de transformação. Consideramos fundamental a construção deste Seminário, para que aponte princípios gerais de outro projeto de Universidade, a partir do qual possamos empreender lutas reais dentro dos diversos campos específicos que são abertos por entre as contradições da ordem existente. Em outras palavras, para reorganizar um movimento de luta, de massas, de caráter nacional, como outrora, necessitamos a elaboração de um programa mínimo e de elementos de programa máximo, que nos permita disputar a hegemonia da universidade brasileira.
            Para a reorganização de baixo para cima do movimento universitário, desde a base, é preciso fazer com que toda e qualquer luta legítima (contra a privatização, a precarização, pela democratização, pela autonomia das instituições educacionais e das entidades sindicais e estudantis, manutenção e ampliação dos direitos estudantis, etc) acumule para a estratégia global de Universidade. Mesmo sendo um primeiro passo, o 1° SENUP traz elementos de que isso é possível, já que é a isso que ele se propõe. Rumo ao 1° Seminário Nacional de Universidade Popular!


OBS: para assinar o Manifesto envie um email para senup2011@gmail.com


FEAB - Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil
ENESSO – Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social
ABEF – Associação Brasileira dos Estudantes de Filosofia
ExNEL – Executiva Nacional dos Estudantes de Letras
GTUP – Grupo de Trabalho Universidade Popular
MUP – Movimento por uma Universidade Popular
Levante Popular da Juventude
Juventude LibRe – Liberdade e Revolução
JCA – Juventude Comunista Avançando
UJC – União da Juventude Comunista
CCLCP – Corrente Comunista Luiz Carlos Prestes
MAS - Movimento Avançando Sindical
Núcleo de Direito à Cidade – USP
PCB - Partido Comunista Brasileiro
UC - Unidade Classista 
CAASO - Centro Acadêmico Autônomo de Sociologia da PUCPR
APAP - Associação Pernambucana de Anistiados Políticos
Luiz Felipe Oiticica Machado - músico e professor
CALISS - Centro Acadêmico Livre de Serviço Social (UFSC)
Movimento DIREITO PARA QUEM? - Faculdade de Direito da UERJ
CAXIF - Centro Acadêmico XI de Fevereiro (Direito - UFSC)
Falcão Vasconcellos (Luiz Gonzaga) - Geógrafo Urbanista e professor universitário - UFU
Mandato Sargento Amauri Soares - Deputado Estadual - SC
Alexandre Santos - Professor da UFG
Lucinéia Scremin Martins - Professora da UFG
Eliane Soares - Professora da UFU
Dalva Brumm - Presidente da Adessc

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Prorrogada a data para envio de contribuições escritas!

Contribuições até o dia 10/08. Participe!
Está aberto desde já a possibilidade de mandar contribuições nos eixos estabelecidos na cartilha do SENUP:
1)    Eixo Geral: Universidade Popular (princípios, concepção, histórico, terminologia, etc)
2)    Eixos Específicos:
a.    Ciência e Tecnologia
b.    Formação
c.    Autonomia e democracia
d.    Universidade e Sociedade


Poderão ser recebidas até 10/08 e serão divulgados em 15/08. O limite dos textos é até de 10 laudas para a versão impressa (que buscaremos disponibilizar a todos no SENUP), podendo fazer uma versão maior para a versão em PDF a ser disponibilizada no site. (Enviar contribuições para senup2011@gmail.com com o assunto "Contribuições + EIXO")

terça-feira, 12 de julho de 2011

Reunião de São Paulo dá mais um passo para o 1° SENUP!



Nos dias 23 e 24 de junho na cidade de São Paulo realizamos a terceira e última reunião de organização do 1° Seminário de Universidade Popular, que será realizado na cidade de Porto Alegre entre os dias 02 e 04 de setembro de 2011. Nesse momento, em uma reunião que contou com mais de 40 pessoas, conseguimos fechar a grade de atividades, que contará com debates sobre a situação da universidade, a concepção e projeto, além das experiências na América Latina e Brasil. Contaremos também com grupos de discussão, oficinas e painéis de grupos, além de uma plenária final que celebre a continuidade desse debate e tarefas práticas dessa articulação.
Também demos os últimos passos organizativos e estruturais para o Encontro, entre eles a infra que teremos em POA, e a idéia do caderno de contribuições. 

Inscrições serão abertas serão abertas a partir do dia 20 de julho

Para garantirmos alojamentos e alimentação para todos, além das outras questões estruturais, esse evento terá uma inscrição para os participantes de 30 reais. Nos próximos dias disponibilizaremos no site http://senup2011.blogspot.com/ o formulário de inscrição e a conta para depósito.
Contribuições até o dia 05/08. Participe!
Está aberto desde já a possibilidade de mandar contribuições nos eixos estabelecidos na cartilha do SENUP:
1)    Eixo Geral: Universidade Popular (princípios, concepção, histórico, terminologia, etc)
2)    Eixos Específicos:
a.    Ciência e Tecnologia
b.    Formação
c.    Autonomia e democracia
d.    Universidade e Sociedade


Poderão ser recebidas até 05/08 e serão divulgados em 10/08. O limite dos textos é até de 10 laudas para a versão impressa (que buscaremos disponibilizar a todos no SENUP), podendo fazer uma versão maior para a versão em PDF a ser disponibilizada no site. (Enviar contribuições para senup2011@gmail.com com o assunto "Contribuições + EIXO")

segunda-feira, 20 de junho de 2011

3ª Reunião de organização do SENUP 2011

Companheiros e companheiras,

No próximo feriado, estaremos realizando a 3° reunião de organização do 1° Seminário Nacional de Universidade Popular. Queremos reforçar o convite para a participação e construção deste seminário. Reiteramos que, em nossa visão, a construção programática rumo a um amplo movimento que lute pela universidade popular (uma universidade alternativa à universidade voltada às necessidades do capital) caminha lado a lado com a reorganização do movimento a partir da base.
As informações da reunião são as seguintes:

LOCAL: CEPATEC (Rua Rubens Meireles, 136, Barra Funda São Paulo). Este local fica a 15 minutos do Memorial da América Latina, onde estará ocorrendo a Convenção Nacional de Solidariedade à Cuba.

HORÁRIO E PAUTA:
Quinta-feira, dia 23
Das 13:30 às 20h



- Organizar os trabalhos;
- Relato detalhado das movimentações do Comitê POA e definição de suas atribuições em relação à organização nacional;
- Grade de programação (fechar nome das mesas, debatedores, coordenadores)

Sexta-feira, dia 24
Das 13:30 às 18h



- Finanças e captação de recursos;
- Estrutura;
- Divulgação.

Obs: dependendo da presença de organizações e entidades novas na reunião, incluiremos inicialmente um ponto de apresentação da proposta do seminário e seus objetivos principais ligados a uma avaliação do atual momento vivido pela universidade brasileira.

Clique aqui para ter acesso a 1ª versão da Cartilha Preparatória ao SENUP 2011, construída coletivamente entre os organizadores do seminário.